Apesar de o governador Renan Filho (MDB) divulgar que os crimes violentos letais e intencionais estão diminuindo mês a mês, os dados oficiais mostram justamente o contrário. Estatística parcial repassada à Gazetaweb pelo Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol/AL) já revela um aumento de mais de 24% no número de homicídios em fevereiro, no Estado. Um dos motivos para a elevação, apontado pela própria entidade, é a paralisação dos agentes de polícia e escrivães da Polícia Civil (PC).
O mês acaba neste sábado (29), mas, até a manhã desta sexta (28), tinham sido registrados 132 assassinatos em Alagoas, quantidade bem acima dos 106 contabilizados no mesmo período do ano passado. Em todas as regiões do Estado, sobretudo na Grande Maceió, esses tipos de crimes tiveram elevação.
O levantamento foi obtido pelo Sindpol junto ao Neac [Núcleo de Estatística e Análise Criminal], setor da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) responsável por fazer a contagem de todos os crimes praticados no território. Em seguida, as tabelas foram repassadas com exclusividade ao portal.
Elas mostram que, de 1º a 26 de fevereiro, a quantidade de homicídios subiu 51% na 1ª RISP [Região Integrada de Segurança Pública], composta pelos municípios da Região Metropolitana da capital. Em Maceió, por exemplo, estes crimes passaram de 34 para 46, no período em questão, representando uma alta de 35%.
No Pilar, Marechal Deodoro, Rio Largo, Barra de Santo Antônio e Paripueira, o percentual de aumento foi de 100% em fevereiro de 2020. Alguns destes municípios (Pilar, Paripueira e Barra de Santo Antônio) sequer registraram assassinatos, neste mês, no ano passado. Este ano, todos tiveram registros, incluindo a Barra de São Miguel (1), Messias (1) e Satuba (1).
Na 2ª RISP, chama a atenção o cenário em União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana. Lá, as mortes violentas subiram 400% (foram cinco crimes este ano e apenas 1 no ano passado). Nos municípios de Joaquim Gomes, Murici, Maribondo, Passo de Camaragibe, Flexeiras e Jundiá, o percentual de elevação alcançou 100%. Quadro é semelhante em cidades do Agreste (alta de 46%) e do Sertão de Alagoas (+11%) no quantitativo de homicídios.
SINDICATO PREVÊ ALTA DE 33% NO MÊS
O Sindpol estima uma média de 144 crimes violentos letais e intencionais em todo o Estado, neste mês de fevereiro, o que daria uma variação de 33% a mais em relação a 2019.
Ricardo Nazário, presidente da entidade, diz que estes números provam que a Polícia Civil paralisada afeta em cheio a estrutura da Segurança Pública. “Estamos querendo negociar com o governo para que isto não aconteça. Não adianta a PM desempenhar a função se a Polícia Civil estiver desmotivada e paralisada”, declara.
Ele explica que o movimento da categoria só está em execução por causa da intransigência do governador Renan Filho em não negociar. “Quem mais sofre é a sociedade com o aumento dos homicídios”, avalia.
CATEGORIA LUTA POR VALORIZAÇÃO
Durante a paralisação, os agentes e escrivães anunciaram que não confeccionam Boletins de Ocorrência (BOs) e Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs). Também não cumprem mandados de busca, apreensão, prisão e não vão em locais de crimes. Por outro lado, estão sendo feitos flagrantes (um por vez), audiências de custódia (quando não puder remarcar) e prerrogativas dos advogados.
A categoria está na luta pela valorização policial, cobrando do governador o aumento do piso salarial de acordo com a média nacional. Os policiais civis justificam que recebem o pior piso salarial com nível superior da Segurança Pública de Alagoas e é o 4º pior piso salarial do Brasil, acumulando perdas salariais de mais de 20% no governo Renan Filho.